É VIDA? Então vive sem limites, mas... COM VALORES!

É VIDA? Então vive sem limites, mas... COM VALORES!
Não há vida sem água, mas de nada serve a água se não houver vida.

"dar um pouco mais"

Vem - Aparece - Dá-te, e, juntos, faremos os caminhos da vida mais agradáveis

A minha Lista de blogues

terça-feira, 2 de março de 2010

Oiã - Terra de oliveiras


OIA – TERRA DE OLIVEIRAS

Antiguidade

A freguesia de Oiã não desfruta de um passado histórico ou heróico, embora tenha participado na Guerra da Restauração, em 1646, com uma companhia de soldados auxiliares “para benefício e alívio dos povos”, comandados pelo capitão Faustino Simões, o que não significa que não se tenham havido com valentia. O seu título vem do facto de as suas gentes amanharem com suor a terra e de surrarem os tamancos pelos caminhos, antigamente tortuosos e difíceis.
Aliás, isto é confirmado pelo padre José Manso Preto no Inquérito de 1721 quando, entre outras coisas, diz que não havia “nome algum insigne”, nem antigo nem recente, porque, clarificava, “todos são uns pobres lavradores…”
Embora o documento mais antigo que se lhe refere date de 1220, constando das Inquirições de 1220, a par de outras terras, como Eixo, Espinhel, Recardães, Oiã, pela sua origem etimológica, pode situar-se séculos antes.
Nesse documento, é referido que o Mosteiro de Lorvão tinha nos lugares de Oiã e Perrães (in Perraes e in Oyana) oito casais. Pertenciam então estes lugares a Paradela.

Povoamento

O povoamento, sem embargo de outra posição mais fundamentada, deu-se a partir das Agras. Aí havia as “villas velhas” que, grandes quintas, albergavam os donos das terras e seus trabalhadores. Este topónimo ainda chegou ao século XVI, conforme documentos paroquiais, mas, depois, começou a escassear, a desaparecer dos documentos.
“Villas Velhas” se terão chamado a esses aglomerados populacionais em confronto com novos núcleos. Também no mesmo século, existia uma outra aldeia, de nome Silhas, a Sul do Parque do Vieiro, referenciadas como “Silhas Velhas”. Um outro elemento vem reforçar esta incursão histórica. Agras eram terra que tocava o dito “Portinho das Agras”. Agras ficavam muito próximo das águas e eram servidas por um porto nos remotos tempos.

Oiã, segundo o vigário, Manuel do Vale, era bastante despovoado, tanto que a igreja estava no fim do lugar - “no fim dele”, assim refere no Inquérito de 1758.
Há resquícios da romanização, que se evidencia sobretudo nos topónimos, a começar logo por Oiã, palavra proveniente da palavra latina oleana que derivou de olea (azeite). Oleana significa terra de azeite, ou, amplificando, terra de oliveiras.
Outra hipótese é ter sido a palavra Oiã transportada da Galiza por colonos ou frades. Em Santa Maria de Oia, Galiza, havia um mosteiro cisterciense cujas origens aparecem envoltas em brumas. Há quem aponte a sua fundação para o século VI. Este mosteiro era dono e senhor de muitas possessões que se estendiam por toda a região do Baixo Minho e iam até Lisboa. Esta posição não será descartável se entretanto soubermos que há nomes semelhantes em ambas. Em Oiã, bairradina, temos o Facho, Azevedas, Perrães. Ora na Oiã galega, há o Facho (sic), Aceviedo e Preans (também junto de água).

Dois Blocos

A freguesia formou-se com a junção de dois blocos: de um lado, as antigamente denominadas Terras de Perrães, compostas pelos lugares de Perrães. Giesta, Silveiro, Ervedal, Furadouro e Rego do Espinheiro; do outro pelas terras que constituíam o grande Prazo de Águas Boas, formado por Águas Boas, Oiã, Carris, Silveira, Seara, Pedreira, Grou, Ramalheiro; mas nem por todas, porque também o integravam Vila Nova da Palhaça, Vessada e o lugar de Nariz.
O primeiro bloco correspondia à Ouvidoria de Perrães; o segundo à Ouvidoria de Oiã.
Não se sabe quando foi criada a freguesia, com o sentido de paróquia, mas apontamos para o século XIV, mas com toda a certeza foi criada após as de Oliveira do Bairro e do Troviscal, as mais antigas do concelho, criadas no reinado de D. Dinis. Praticamente não existe na Torre do Tombo ou outros arquivos relevante documentação sobre Oiã e suas terras. Somos de muita pobreza neste campo.
O que se sabe é que, tendo pertencido inicialmente à freguesia de Paradela, onde no adro eram enterrados os fregueses desta banda, depois passou a pertencer à freguesia de Espinhel. Desta se veio a separar, há 200 anos, ou fosse em 5 de Março de 1798.

Repartida entre concelhos

Desde os tempos da Idade Média até 1836, a freguesia pertencia administrativamente, parte ao concelho de Aveiro e parte ao concelho de Esgueira. Ao concelho de Esgueira pertenciam os lugares (ramos) de Águas Boas e Malhapão; integravam o de Aveiro, o lugar de Oiã e as Terras de Perrães.
Entretanto pelo Decreto de 6 de Novembro de 1836, era criado o concelho de Oliveira do Bairro que foi constituído então apenas pelas grandes freguesias de Oliveira do Bairro e de Oiã.
Em 1895, por força de nova legislação, Oiã passava para o concelho de Águeda, com a freguesia de Fermentelos, que então pertencia ao concelho de Oliveira do Bairro, regressando ao de Oliveira do Bairro, por decreto de 13 de Janeiro de 1898, mas já não regressava a freguesia de Fermentelos.
É esta a situação que se mantém hoje.

Título de Vila

Único título de que Oiã é detentor, por direito próprio, é o de vila, estatuto que lhe foi conferido pela Lei nº.42/89 de 24 de Agosto deste mesmo ano,
publicado no Diário da República, nº. 194, desta mesma data e na sequência destes eventos:
A Assembleia da República aprovou, em 30 de Junho de 1989, o projecto, apresentado pelo deputado do PS e nosso conterrâneo, da Silveira, Hélder Filipe, por proposta da Junta de Freguesia, da presidência de Armando Pires da Silva; o presidente da Assembleia da República, Vítor Pereira Crespo, promulgava-a em 26 de Julho e Mário Soares, presidente da República referendava-a em 31 de Julho.
Era primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.

Há milhares de anos….

A região de Oiã, se foi povoada por romanos, tudo aponta para que, milhares de anos antes de Cristo, fosse calcorreada por outros povos, na medida em que, segundo estudos feitos no Cabeço Branco, junto do Portinho, terá existido ali um núcleo populacional. Segundo o arqueólogo Fernando A. Pereira da Silva, que descobriu naquela área uma estação arqueológica ao ar livre. E mais, ali terão batido as ondas das águas de um braço de mar, ou mesmo o mar, já que o morro é constituído por areias fósseis, correspondendo a um nível de “praia elevada”.
As escavações mostraram ainda a existência de indústrias líticas, expressas nas camadas de areias cinzentas, com predomínio de lamelas microlíticas em sílex, não retocadas, acompanhadas de núcleos e lascas residuais. Tudo isto levou o investigador a concluir que “parece estar-se em presença de uma oficina de talhe de características sazonais”.
Toda esta zona (alguma parte já ocupada pela empresa Torrecid) será um dos primeiros arqueosítios, “documentando a presença humana na região, em época anterior às construções funerárias megalíticas” [mais de 6 mil anos antes de Cristo] que na zona se verificaram, por exemplo, na Mamoa, de Mamodeiro ou na Mamoa, de Mamarrosa. Mamoa que está na origem daqueles topónimos. Todavia, todos estes indícios carecem da continuação das pesquisas.

AUTOR: Armor Pires Mota
Informação fornecida pela nossa JF

Sem comentários: