Que o silêncio possa ser espaço de diálogo em profundidade com os ritmos da natureza, do mundo humano e do mistério da vida de cada um e de cada uma.
Estar só
Em algum momento ou período da vida vivemos sós.
Muitos homens e mulheres
fazem-se adultos, independentes e estão muito tempo sozinhos: uns porque ainda
não constituíram a sua própria família; outros porque não têm intenções de o
fazer, outros porque ficaram viúvos ou divorciados ou, por muitas outras
razões, vivem sós.
Não interessa contrapor aqui as vantagens e desvantagens de estar só ou
estar acompanhado.
Interessa-me falar do sentimento único que nos visita
quando, rodeados de gente e de ruídos e de movimento e de acontecimentos, nos
reconhecemos sós: em silêncio, podendo ficar um dia sem falar com ninguém,
ouvindo as conversas à volta, vendo as azáfamas das famílias e dos grupos e
avançar só, reconhecendo-se uma pessoa só, entregue a si mesma e às
experiências e revelações que essa condição proporciona.
É um modo de ser.
É interessante perceber como o estar só pode revelar facetas inéditas
das pessoas, dos acontecimentos e das coisas.
Nesta manhã, uno-me à multidão dos sós que avança pelo dia fora.
Que o
silêncio possa ser espaço de diálogo em profundidade com os ritmos da natureza,
do mundo humano e do mistério da vida de cada um e de cada uma.
IVrr