“O Amigo Pingo”
Esta vida de sénior, como benevolamente lhe chamam hoje, mas
de velho como nós mais gostamos, tem coisas maravilhosas que só se conseguem
saborear com a vivência diária de um aposentado grato por tudo o que a vida
proporcionou.
O conforto das mantas.
A companhia da Rádio Renascença.
O Terras de Oiã como companhia que não se dispensa.
O crepitar da lenha que, bem doseada, vai aquecendo a lareira
cá de casa. Aprendemos que quem não pouca água e lenha não poupa coisa que
tenha.
A cafeteira colocada ao lume sempre pronta para o milagroso
chá de Cidreira.
A chouriça assada na brasa. Só algumas vezes porque dizem que
faz mal ao colesterol.
A broa caseira que ainda se cose no forno.
A velha, sempre nova, sopa de feijão, como só nós sabemos
fazer.
Os tronchos e a orelha de porco, servidos em cozido à
portuguesa, com pouco sal. Dizem que faz mal à tensão e ao coração.
O arroz de malandro dos galináceos da nossa galinheira.
A leitura sossegada do Jornal da Bairrada, com especial
atenção às fotografias de todos os que, da nossa idade, vão partindo sem deixar
recado. Deus os lá tenha muito tempo sem nós, dizemos em tom de conforto.
O podermos dormitar até mais tarde, porque o frio lá fora
aperta.
O mesmo frio que enrijece.
A “tossiqueira” que nunca mais nos deixa
Àh…
E que dizer do nosso inseparável amigo Pingo… do Nariz?!
Este Pingo que nos faz ter nariz de palhaço de tanto assoar! Só
em lenços de papel, já vai uma fortuna!
É atchim para cá, é atchim para lá!
Neste dia do nosso aniversário, que a alegria sábia do velho
palhaço, contagie todos aqueles que já nos felicitaram.
Vá lá… esboce um sorriso para si, e vai ver que depois rirá
de si mesmo.
Um atchim deste vosso amigo oiapontoponto