É VIDA? Então vive sem limites, mas... COM VALORES!

É VIDA? Então vive sem limites, mas... COM VALORES!
Não há vida sem água, mas de nada serve a água se não houver vida.

"dar um pouco mais"

Vem - Aparece - Dá-te, e, juntos, faremos os caminhos da vida mais agradáveis

A minha Lista de blogues

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Longe vão os tempos...

 "Ou mudamos, ou corremos perigo. Alguns valores e princípios, ... já eram!"

Longe vão os tempos em que a sociedade quase se auto-regulava, com mecanismos próprios para a resolução de conflitos, de que eram bons exemplos o juiz de paz e o júri avindor.
Antigamente os pequenos conflitos nas comunidades, mormente nas aldeias, eram resolvidos no seu seio, pelos chamados e considerados «homens bons», ou justos. Havia sobretudo duas fórmulas para a arbitragem dos conflitos, cuja decisão era geralmente acatada.
Uma era através da figura do juiz de paz, que existia em todas as freguesias. 
O juiz era um homem bom da freguesia, a quem cabia decidir os conflitos ali verificados. Competia-lhe procurar conciliar as pessoas antes que litigassem em juízo. As funções de juiz de paz podiam ser acumuladas com as de regedor, tendo então também atribuições policiais, tais como tomar conhecimento dos crimes ou infracções cometidas, prender os delinquentes em flagrante, proceder ao corpo de delito ou quaisquer diligência no âmbito do processo criminal.

"Mandámos para o lixo os bons valores e os bons costumes"

 Tudo isso acabou com a modernidade e o garantismo. Hoje a resolução de um litígio demora uma eternidade, fruto da (des)organização da Justiça, do fundamentalismo burocrático e do entupimento dos serviços judiciais. Tudo tem que ir a juízo, seguindo o manancial de regras e de prazos estabelecidos. Já não há «homens bons» na nossa sociedade, porque só ao juiz formado na universidade e com os códigos enfiados na "cachimónia", é possível decidir e fazer Justiça.
 "De mãos dadas e com respeito encontravam-se soluções comuns para divergências pontuais"

Outra forma de resolver os conflitos nas comunidades era através do chamado júri avindor, que intervinha em alguns assuntos concretos, para os quais era especialmente constituído. O júri avindor era formado por três homens bons da freguesia, um deles presidente e os outros vogais, e tinha por competência promover a conciliação dos desavindos, pronunciar-se sobre as reclamações, julgar transgressões, aplicando as respectivas multas e fixando o valor das indemnizações.
Este júri podia ser constituído por motivo de uso das águas ou de exploração das terras.
As funções inerentes aos cargos de juiz de paz ou de membro do júri avindor eram gratuitas, tendo no entanto direito a ser reembolsados, quer das despesas efectuadas por motivo das investigações e diligências efectuadas, quer das remunerações eventualmente perdidas no exercício das funções.
Não se conformando as partes com as decisões do juiz de paz ou do júri avindor, cabia recurso para o juiz de direito da comarca, cumpridos certos pressupostos.
"Ventura Reis"

"Dois sentidos: Um para cá outro para lá. 
Hoje privilegiamos quase sempre o que dá para cá, para nós, para o nosso umbigo e ignoramos o que nos obriga a ir para lá (da nossa quinta)"
oiapontoponto

sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Basicadas"

O restaurante poderia estar cheio de pessoas, mas não seria sinónimo que não houvesse gente a passar fome.
As estações de serviço poderiam estar cheias de carros, mas não seria sinónimo que todos os carros tivessem o depósito atestado.
O café poderia estar cheio pessoas, mas não seria sinónimo que todos gostem de cerveja ou qualquer outro "néctar".
A fonte do Luso está cheia de gente para encher garrafões de água, mas não é sinónimo que todos tenham necessidade de hidratação.
As empresas podem ter trabalhadores, mas não é sinónimo que não haja desemprego.
Os trabalhadores auferem um vencimento mensal, mas não é sinónimo que todos tenham sustento para as suas famílias.
As estradas estão cheias de viaturas, mas não é sinónimo que todos possuam carros.
A cadeia está cheia de presos, mas não é sinónimo que todos os delinquentes estejam presos.
Os aeroportos estão cheios de pessoas, mas não é sinónimo que todos tenham possibilidade de "andar" de avião.
As creches estão (deviam) cheias de crianças para crescerem harmoniosamente, mas não é sinónimo que não haja crianças sem possibilidade económicas para frequentarem as mesmas creches.
Os lares estão superlotados de idosos, mas não é sinónimo que todos tenham o acompanhamento mínimo para um envelhecimento feliz.
As praias, rios e piscinas podem estar cheios de pessoas, mas não é sinónimo que todos saibam nadar.
Há muita gente a andar de bicicleta  mas isso não é sinónimo que todos sejam ciclistas.
Há muita gente a fazer caminhadas, mas não é sinónimo que todos sejam atletas.
O hospital está cheio de doentes para se curarem, mas não é sinónimo que todos os doentes estejam no hospital.
A igreja pode estar cheia de pecadores, mas não é sinónimo que não os haja cá fora.
E, muitas mais coisas estão cheias de coisas ou pessoas.
Tudo isto vem a propósito de, amiudadas vezes, se ouvir dizer que os que vão à igreja são piores que os outros.
Às tantas, até são; unicamente na medida em que já reconheceram que só vai à igreja quem precisa, tem fé e acredita indubitavelmente Nele.
E, este acreditar, e, esta fé, tem afetos  e, só existe porque vive desses mesmos afetos e são esses mesmos afetos que nos unem e devem ser fator de contágio para os demais.
Remando com afecto...
... um bom fim de semana!

oiapontoponto

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O meu amigo "MANEL"


O  meu amigo Manel
Quem é que neste país não tem o seu amigo Manel?
O oiapontoponto também tem o seu amigo Manel!
O ser amigo encerra uma sabedoria e uma forma muito difíceis de explicar.
Os amigos não se apregoam. Constatam-se!
Digo: Eu sou amigo, deste, daquele e daqueloutro!
E para eles, eu faço parte do seu leque de amigos?! Será que faço?
O dizer-se amigo de alguém, pode cheirar a mero status quo de conveniência.
Daí que, amiudadas vezes ouvimos: "Quem amigos assim tem, de inimigos não precisa!"
O ser amigo é uma coisa que não se decreta; cultiva-se com a probidade!
Ou seja, a probidade não se decreta! Cultiva-se com o exemplo!
Por isso, é que muitas vezes se ouve dizer: "Eles são mesmo amigos!"
E, eles, nunca o disseram e não precisam de o dizer.
A prática da amizade vê-se a olho nu!
É como o algodão! Não engana!
O meu amigo Manel, prendou-me recentemente com um livro de José Frazão Correia que fala de afetos, que já devorei e que ando a saborear sofregamente.
Transcrevendo: «Quem se poderia dar a si mesmo a vida, gerar-se de sua iniciativa, trazer-se do nada para começar a ser alguém? Somos gerados e dados à luz e ao respiro, confiados ao corpo e à palavra, à força dos afetos e à forma dos laços humanos, e a um desenho de vida em aberto e ainda por configurar. Porém, prometidos a nós mesmos, não temos por onde fugir. Não se escapa à inevitabilidade da vida recebida. Uma vez nascidos, não se pode não viver».
Do lado de cá do paralelo...
Obrigado Manel!

oiapontoponto

quarta-feira, 23 de julho de 2014

SONS!

Sons
Um, dois, três som.
Som; som; som.
Um, dois, três, experiências, som.
Som; som!
Quantas vezes ouvimos este som de sons?
São sons!
Uns mais familiares que outros.
Uns mais agradáveis, outros menos melodiosos.
Mas não deixam de ser sons.
Todos são sons.
O som do chilrear da passarada que hoje, nesta terra, não ouço.
O som do toque do sino da Igreja que, hoje, não chega por estar muito longe.
O som do crepitar da lenha que, aqui, não se acende.
O som do riacho que já não o é.
O som da onda que não cresce.
O som do trator que não lavra.
O som da peixeira que não vende.
O som das máquinas de sulfatar que se calaram.
O som do comboio que não chega.
O som do avião que foge.
O som do farol que já se calou.
O som da inércia que ainda não se emudeceu.
Tudo são sons, que, mesmo adormecidos no real, continuam a debitar decibéis nos tímpanos já gastos deste velho ancião.
Há silêncios que, de tanto som emitirem, me ensurdecem.
Hoje, fui acordado pelo som do martelo pregando pregos na madeira de muita obra que vejo a crescer.
Que bom ouvir este som!
Que saudades deste som!
Som das gruas entre sobe e desce de materiais.
Som das "bocas" malandrecas dos trolhas, que lá do alto, vão, de soslaio, apreciando a moçoila bem jeitosa que passa na rua. 
São sons do hoje, aqui e agora.
Sons que me chegam da nossa terra que, ontem, acolheu o passado António e o futuro António.
São sons que hoje e aqui, ouço.
São sons dos quais já tinha saudades!
Afinal, velho, ainda ouço!
Como bom português, se for "toma", ouço bem, mas se for "dá cá", é difícil entrar na audição já bem "martelada" da "bigorna" e do "estribo" que, a espaços, ainda vão funcionando.
São os afetos do som e o som dos afetos que me enchem a alma.
Estivemos sem som durante algum tempo.
Alimentados pela vitamina da vida e da persistência, estamos regressando lentamente aos sons deste som que é o som do oiapontoponto.
Bons Sons para todos com um até já.

oiapontoponto