Um, dois, três
som.
Som; som; som.
Um, dois,
três, experiências, som.
Som; som!
Quantas vezes
ouvimos este som de sons?
São sons!
Uns mais
familiares que outros.
Uns mais
agradáveis, outros menos melodiosos.
Mas não deixam
de ser sons.
Todos são sons.
O som do
chilrear da passarada que hoje, nesta terra, não ouço.
O som do toque
do sino da Igreja que, hoje, não chega por estar muito longe.
O som do
crepitar da lenha que, aqui, não se acende.
O som do
riacho que já não o é.
O som da onda que
não cresce.
O som do
trator que não lavra.
O som da
peixeira que não vende.
O som das
máquinas de sulfatar que se calaram.
O som do
comboio que não chega.
O som do avião
que foge.
O som do farol
que já se calou.
O som da
inércia que ainda não se emudeceu.
Tudo são sons,
que, mesmo adormecidos no real, continuam a debitar decibéis nos tímpanos já
gastos deste velho ancião.
Há silêncios
que, de tanto som emitirem, me ensurdecem.
Hoje, fui acordado
pelo som do martelo pregando pregos na madeira de muita obra que vejo a
crescer.
Que bom ouvir
este som!
Que saudades
deste som!
Som das gruas entre
sobe e desce de materiais.
Som das
"bocas" malandrecas dos trolhas, que lá do alto, vão, de soslaio,
apreciando a moçoila bem jeitosa que passa na rua.
São sons do hoje,
aqui e agora.
Sons que me
chegam da nossa terra que, ontem, acolheu o passado António e o futuro António.
São sons que
hoje e aqui, ouço.
São sons dos
quais já tinha saudades!
Afinal, velho,
ainda ouço!
Como bom
português, se for "toma", ouço bem, mas se for "dá cá", é
difícil entrar na audição já bem "martelada" da "bigorna" e
do "estribo" que, a espaços, ainda vão funcionando.
São os afetos
do som e o som dos afetos que me enchem a alma.
Estivemos sem
som durante algum tempo.
Alimentados
pela vitamina da vida e da persistência, estamos regressando lentamente aos
sons deste som que é o som do oiapontoponto.
Bons Sons para
todos com um até já.
oiapontoponto
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