É VIDA? Então vive sem limites, mas... COM VALORES!

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

As Trindades (2)


Como as pedras, que amontoadas, podem parar o curso normal da água do rio, assim eram as Trindades. Às Trindades tudo parava. Silêncio se fazia. Interioridade era feita, e o Povo rezava. Era assim e pode ser assim, caso queiramos.
Perguntavam os aldeões com receio de se terem esquecido: Já tocaram as Trindades?
"Quem não se lembra delas a emanarem harmónicas, pungentes e ataráxicas dos bronzes gigantes pendurados nas janelas da torre sineira da igreja. Um maior, com o som mais grave e sério, que dobrava e rodopiava sobre um eixo que o atravessava a meio e o outro mais pequeno e mais reguila, com um som mais agudo e acutilante., encastoado nos umbrais voltados a Sul. Todos os dias, de manhã ao abrir-se a igreja e à noite ao fechá-la, três fortes badaladas no sino grande, espaçadas por intervalos de tal maneira longos e adequadamente suficientes para quem estivesse nos campos, nas casas, nas ruas, por aqui e por além, dispusesse do tempo necessário para rezar o “Anjo do Senhor” acompanhado duma “Ave-Maria”. Ao primeiro toque os homens tiravam o boné e paravam o trabalho, as mulheres suspendiam os afazeres domésticos, apertavam as mãos e oravam, as velhinhas sentadas às janelas, à espera que o Sol desaparecesse no ocaso para renascer na manhã seguinte, apertavam as contas do rosário com mais fervor. As três badaladas terminavam com duas finais, menos espaçadas a fim de rezar apenas o “Glória ao Pai.”
Aos domingos e dias santos, e na véspera destes dias à noite, porém, o toque alterava-se substancialmente. Eram as Trindades Dobradas. O sino mais pequeno juntava o seu som ao do grande e os dois batiam as badaladas simultâneas e em uníssono. Só que enquanto, nas Trindades habituais, também chamadas de Trindades Singelas, precisamente por serem tocadas por um só sino, se dava apenas três badaladas seguidas das duas finais, nas Trindades Dobradas ou Festivas, os dois sinos davam simultaneamente três badaladas seguidas, antes de cada um dos intervalos destinados à reza do Anjo e da Ave-Maria. Mas a grande diferença era no final. As duas badaladas destinadas ao Gloria final eram substituídas por um, dois ou três repiques, consoante a importância da festividade. Por exemplo, Natal, Páscoa, Espírito Santo, Senhora da Saúde e do padroeiro, tinham três repiques. As outras festas dois e os domingos geralmente um.
Eram assim as Trindades.

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