
Não fazendo como a avestruz em dia de tempestade de areia, sabemos ver e constatar que a crise é uma realidade e a ela não podemos fugir.
Dissemos fugir?!
Não, não pode ser assim!
Vamos “ver” o que se pode aproveitar disto.
Fugir, não podemos; resignar não leva a lado algum!
Então de que estamos à espera?
Refundemos formas de viver, de sentir e de encarar o mundo que nos rodeia.
Fortalecemos as nossas amizades, regressemos ao quotidiano aldeão que dava vida às nossas terras.
É tempo de esquecer e crivar o que todos os dias deixamos entrar pelos canais televisivos e radiofónicos e nos concentremos naquilo que, em outros tempos, dava sentido à vida.
Recentremos as nossas ambições e objectivos, mais naquilo que nos falta e menos naquilo que é dispensável.
São tempos de olhar para dentro, para nós, para as nossas terras a paul, para as nossas vinhas abandonadas.
São tempos de nos valorizarmos com o que temos e fazemos.
Demos connosco a fazer sementeiras que há alguns anos não fazíamos.
Vamos plantar couves, que dão para nós e para os vizinhos (um bom caldo verde sabe sempre bem)
Vamos semear milho que, pelo menos, dá para a galinha e para a farinha (quem não se lembra das broas de milho e das “bôlas” caseiras com chouriço?).
Vamos cuidar das nossas cepas, tirar uma boa “pinga” e “fazer” a água-pé que todos nos orgulhávamos de saborear;
Vamos ter o porquito que dá para o rojão e para a chouriço;
Vamos plantar árvores de fruta, cujo fruto dá saúde e rejuvenesce o corpo;
E, para que tudo isto, e muito mais, seja feito, vamos ter que dar ao “pedal”; pegar na enxada e cavar, na tesoura e cortar, nas mãos e amassar.
Teremos que pensar e agir! Não pode ser só comprar e consumir; também, cada vez mais, deverá ser cultivar e produzir.
Exercício não faltará;
Ao fim do dia, de cansados, repousaremos que nem “uns santos”; dormiremos a sono profundo.
Dispensaremos as caminhadas e as correrias ciclísticas;
O ginásio, as passadeiras rolantes, os halteres e as saunas serão dispensáveis; a “barriguita” não crescerá; a celulite será muito menos; ácido úrico já não atacará tanto; o colesterol será mais facilmente controlado e, a mente, será irrigada de correntes de sangue bem oxigenado; os homens serão mais esbeltos e as senhoras mais bonitas!
E, como o trabalho não faltará, ainda teremos que pedir ajuda aos vizinhos; andaremos, “hoje para mim, amanhã para ti” e, ao anoitecer, comeremos todos juntos as sardinhas ou as caras de bacalhau que, acompanhadas de feijão verde e batatas, ou até de umas “nabiças” continuarão a fazer bem à saúde.
E, como nada se colhe de um dia para o outro, aguardaremos com calma e paciência que, a terra fértil nos encha o celeiro de satisfação pelas colheitas outonais.
Haverá tempo para muita coisa; habituar-nos-emos a saber esperar! Até tempo teremos para, ouvindo o sino da igreja ou da capela, nos lembrarmos que “são horas das trindades” (de manhã, ao meio-dia e ao anoitecer); tiraremos o chapéu ou o boné, para, recolhidos e com devoção olharmos para Ele.
Colocar-se-ão as conversas em dia; A solidão, a tristeza e a nostalgia passarão a dar lugar à amizade, à partilha e à alegria.
Passaremos a acreditar naqueles que nos rodeiam; saberemos descobrir que, afinal, aquele com quem nos cruzávamos todos os dias, e a quem, nem um bom-dia lhe dirigíamos, até é muito boa pessoa, levando-nos a dizer “é dos nossos!”
A insegurança, dará lugar à segurança!
Sentir-nos-emos muito mais protegidos e mais confiantes.
E, com confiança, enfrentaremos mentalmente muito melhor, esta crise que nos "mata", mas que deverá ser aproveitada como uma oportunidade que nos salva!
Vamos fazer por isso.
oiapontoponto
Sem comentários:
Enviar um comentário